[Entrevista] Marcos Martinz - Tomo Literário


Marcos Martinz é ator, diretor e roteirista e lançará o seu primeiro livro pela Editora Skull. “Até que a morte nos ampare” entra em pré-venda em junho. Ele conversou com o Tomo Literário e falou sobre literatura, processo de escrita e seu livro - inclusive a suspeita de que o livro tenha sido psicografado. Falou ainda sobre as  expectativas para a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, sobre a oficina Bonecos Teatrais, e muito mais. Confira.

Tomo Literário: Pra começar, como foi o seu primeiro contato com a literatura?

Marcos Martinz: Creio eu que não houve um primeiro contato, sabe? Como um primeiro livro lido ou interesse por alguma história. Desde sempre a minha vontade de imergir neste mundo de palavras, sentidos e sabores que é a literatura estiveram comigo. Mas me recordo de quando muito criança ter pego um livro (o qual chamou muito minha atenção) o levei até minha mãe e perguntei “Mamãe como é ler? É uma voz que vem na cabeça?” Rimos muito e dali ela viu que teria de gastar bastante comigo, não em brinquedos no natal, mas em livros.

Tomo Literário: Quando e de que forma aconteceu a sua decisão de se tornar escritor?

Marcos Martinz: Tornar-se escritor não era meu maior plano, sempre fui voltado a escrever sim, mas apenas para minhas peças de teatro. Por muito tempo participei de grupos na internet onde criávamos personagens e encenávamos por escrita (como um RPG), porém nunca tinha levado a sério a hipótese de tornar-me um autor. Ocorreu que o destino quem foi o grande escritor da minha história, ele me fez encarar toda a minha essência e dentro dela estava alguém com muito a oferecer. Alguém que estou amando conhecer. Tornei-me autor assim que encarei minha verdadeira face e conheci todos os mundos que em mim habitavam, os quais ansiavam por serem lidos ou encenados.

Tomo Literário: “Até que a morte nos ampare” é o seu primeiro livro e entrará em pré-venda pela Skull. Como surgiu a ideia do livro?

Marcos Martinz: Por ser meio ligado a vários meios artísticos, talvez eu seja meio maluco em acreditar que todo universo retratado em um livro - seja qual for o livro, desde que tenha uma boa história – realmente ocorreu. Todos os personagens deste mundo repleto de páginas realmente existem em algum lugar, seja baseado numa história real ou dentro de um autor repleto de mundos interiores.

Até que a morte nos ampare em minha concepção realmente existiu e EXISTE! Pois em momento algum eu tive a ideia de escrevê-lo, pelo contrário, apenas atendi ao chamado da minha inspiração e pus-me a escrever sem mais e nem menos. Agradeço ao universo por ter me proporcionado sabedoria de conduzir essa história que existe em mim.

Tomo Literário: Quanto tempo levou todo o processo da escrita até a publicação? Qual foi a parte mais difícil?

Marcos Martinz: Escrever este livro foi mágico e me proporcionou uma experiência estranhamente incrível – tanto que eu o considero assim, estranhamente incrível.

Sempre preferi escrever pelo computador e eu tinha dois livros em projeto durante o ano de 2017, mas jamais consegui finalizá-los, as tramas ficavam embaraçosas ou no meio da história eu resolvia modificar pontos cruciais. Nada fluía. Certa noite comum, peguei um caderno para fazer anotações dos roteiros teatrais que elaboro, porém algo aconteceu e não sei explicar. Da ponta da caneta surgiam palavras, das palavras surgiu um enredo, do enredo todas as personagens tomaram vida e quando me dei conta virei a noite escrevendo um livro.

O sol raiou e eu já tinha o "Até que a morte nos ampare" pronto. Meu dedo ficou calejado e não podia crer que havia escrito um livro da noite pro dia, literalmente não vi o tempo passar. Quanto mais folheei o caderno e relia os escritos, ficava emocionado com cada parte.                                            

Alguns amigos e parentes suspeitam do livro ter sido psicografado – particularmente eu também – e essa foi a parte mais difícil pra mim. Depois da obra pronta, tive de adaptar um ponto ou outro para que não limitasse a trama apenas para os espiritas, mas sim para todos os públicos.

Sou suspeito a falar, mas Até que a morte nos ampare tem um ensinamento forte de vida e todos deveriam ler. Nós “do mundo dos vivos” não fazemos ideia do que podemos encontrar “No mundo dos mortos” e ter tido a oportunidade de retratar tudo isso, para mim já foi um enorme desafio.


Tomo Literário: Como está a expectativa para ver o seu livro pronto e também para a Bienal Internacional do Livro de São Paulo?

Marcos Martinz: Comentaram comigo que colocar um livro no mundo é quase a mesma coisa do que ter um filho. Admito a minha ansiedade e vontade de tê-lo nas mãos – afinal foi um trabalho intenso de uma longa madrugada manuscrita, a qual me rendeu muitas páginas a punho em pouquíssimo tempo – porém minha expectativa maior é poder ver este livro orientando as pessoas, lhe dando palavras que talvez esse mundo árduo ainda não deu. Os fatos do livro são muito fortes para eu (um autor de dezessete anos) ter retratado, talvez isto explique muita coisa aos bons entendedores, idade não diz nada.

A Bienal é com certeza a cereja desse bolo enorme que foi/está sendo esse projeto. Sempre quis muito ir para a Bienal e nunca tinha dado certo. O universo deu um jeito de organizar a minha primeira vez na bienal, não como leitor mas já como autor. Quando eu digo que o destino é um escritor maravilhoso, ninguém acredita (risos)

Tomo Literário: Você faz parte do grupo Bonecos Teatrais. Poderia contar um pouco sobre o projeto?

Marcos Martinz: A Bonecos Teatrais é uma oficina de arte voltada para todos os tipos de publico. Como numa brincadeira de bonecos, traz a fantasia e a diversão para os palcos, mas sempre com alguma mensagem importante a ser transmitida.

Somos bonecos manipulados pela arte de atuar, é o fantástico mundo do teatro com olhos de botão.

Em breve estaremos entrando em turnê com o nosso espetáculo “Os três porquinhos na cidade” onde todos os personagens dos contos de fada tratam tabus do mundo real com muita comédia. Por exemplo, O Lobo Mau tem problemas em assumir sua homossexualidade, a Rainha Má é uma perversa traficante, Branca de Neve é uma blogueira de moda muito famosa, Bela Adormecida tomou uma caixa de remédios para depressão e dormiu por cem anos. Tudo isso e muito mais englobam este universo mágico – porém tão real.

Tomo Literário: A arte teatral te ajuda, de algum modo, no processo de escrita?

Marcos Martinz: Sem sombra de dúvida eu devo muito a arte teatral, sem ela nada disto estaria ocorrendo agora. O teatro é minha essência e uso muito dela para inspirar-me e logo em seguida escrever. Uma coisa leva a outra, quando estou dirigindo, atuando ou roteirizando me inspiro.

Tomo Literário: De modo geral o que te inspira a escrever?

Marcos Martinz: São dois opostos que precisam estar equilibrados para eu realmente inspirar-me. De um lado preciso estar atuando, dirigindo, roteirizando e sempre em comunicação com a arte teatral, do outro tenho de estar com minhas músicas, cafés e todo um universo particular.

Se inspirar pra mim é se transportar para dentro do meu ser – pois é ele quem vai me contar a história, não eu.

Foto: Reprodução

Tomo Literário: Você está preparando algum novo projeto literário? Pode nos adiantar alguma informação?

Marcos Martinz: Sim. "Dona Morte" já está me 'intuindo' a escrever mais mistérios, infelizmente não posso partilhar e nem adiantar nada pois por enquanto são apenas inspirações, nada ainda foi pro papel - até porque o meu projeto atual já exige muita concentração.

Provavelmente teremos uma continuação de Até que a morte nos ampare, tudo isso vai depender do meu querido amigo Ceifador Sinistro.

Tomo Literário: Quais são os autores que você admira ou que de alguma forma influenciaram  seu trabalho como escritor?

Marcos Martinz: Meus grandes inspiradores foram os meus professores de lingua portuguesa, eles foram parte crucial para meu amadurecimento como escritor, devo imensa gratidão a esses mestres.

Seres encantados que surgiram para alavancar minha caminhada foi também a atriz e autora Suzana Pires, com muitos toques das aulas que tive com essa grande profissional, pude ajustar e adaptar muitas partes do livro.

Não devo me esquecer de minha amiga e autora Ana Júlia (Minha Merida) a qual sempre embarcou comigo em jornadas de escrita e me tornou o escritor que sou hoje.

Tomo Literário: Que livros, de quaisquer gêneros, você recomendaria aos leitores?

Marcos Martinz: Leitores procurem sempre leituras que os tirem de suas zonas de conforto. Optem por aquele mistério o qual você jamais imaginaria viver, pela fantasia que as páginas vão te trazer. Procure nos livros não apenas um passatempo, mas sim um aprendizado.

Todo livro e toda história tem algo a te ensinar, seja ela como for, resta a você enxergar.

Tomo Literário: Gostaria de deixar algum comentário para os leitores do blog?

Marcos Martinz: Claro! Deixo para o leitor deste blog a seguinte pergunta: A Morte é má?

Seja qual for a sua opinião, aconselho que leia  "Até que a morte nos ampare" e tire suas próprias conclusões.

Conheça o livro

Até que a morte nos ampare


“Ei! Por favor, você não tocou neste livro por acaso. Preciso que me ajude. Eu me casei, sim, isso pode parecer normal, mas, eu estou morta, e não apenas isso, estou condenada a reviver o dia fatídico de minha morte todos os dias.

Quando eu morri? No dia de meu casamento. Para que eu descanse em paz preciso descobrir meu assassino, isso só será possível se você ler a minha história.” 

— Rosinha, a noiva.

Rosinha morre no dia de seu casamento e está amaldiçoada a reviver essa tragédia por toda a eternidade. Como quebrar esse circulo vicioso de flores, bolinhos, convidados e uma morte horrível?

Descobrindo seu assassino.

Acompanhe o autor nas redes sociais:
E-mail: assessoriamarcosmartinz@outlook.com

3 comentários:

  1. Estou encantada com seu jeito simples é pratico de falar sobre o mito Morte... todos devem ler este livro.

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  2. Acredito que realmente precisamos ler para que seu recado seja dado e por fim desvendar a morte de Rosinha.
    Parabéns Marcos Martinz não é apenas um livro mas uma saga indecifrável que só será decifrada com a ajuda de todos os leitores.Não vejo a hora de estar nas mãos de todos leitores este maravilhoso trabalho. Realmente me lembro dessa passagem quando você me perguntou sobre como era ler e daí por diante seu interesse por leitura faz tempo rsrsrs.
    Assim como você seu trabalho é excepcional��

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  3. Maninho,que entrevista deliciosa de ler!!!!?

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