Conversas com Adolfo Bioy Casares, um dos grandes nomes da literatura argentina - Tomo Literário

Conversas com Adolfo Bioy Casares, um dos grandes nomes da literatura argentina

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Em 1988, durante sete semanas, o escritor Fernando Sorrentino 
entrevistou Adolfo Bioy Casares, com quem trocou ideias 
sobre o mundo literário e a história argentina do século 20.

Não é de agora que os leitores se interessam pelo que seus autores prediletos têm a dizer para além de sua obra literária. Usualmente essa abordagem costuma aparecer em revistas ou encartes literários, mas não é raro que figure em outras publicações. Livros de entrevistas com escritores consagrados sempre estiveram em pauta. O poder de alcance de uma obra desse naipe vai depender muito da popularidade ou representatividade do autor entrevistado.

No Brasil, a obra do escritor argentino Adolfo Bioy Casares (1914-1999), autor do clássico “A invenção de Morel”, não é tão conhecida quanto merece. Seu nome como escritor costuma estar associado à Literatura Fantástica Universal, embora o autor também tenha se enveredado pelos gêneros Ficção Científica e Policial. Foi grande amigo do escritor Jorge Luis Borges, com quem manteve uma relação produtiva e duradoura, resultando em diversas histórias policiais escritas conjuntamente.

Apesar de não ser um autor muito conhecido pelos leitores brasileiros, a Editora Penalux resolveu trazer ao país a tradução do livro Sete conversas com Adolfo Bioy Casares, com entrevistas realizadas pelo escritor Fernando Sorrentino, conterrâneo do entrevistado. O entrevistador já é conhecido do público brasileiro por conta de outro livro seu, também de entrevistas, com igual proposta. Trata-se da obra Sete conversas com Jorge Luís Borges (Azougue Editorial, 2009). Aliás, além do entrevistador, os dois livros têm outro ponto em comum: a tradução da carioca Ana Flores.

Nas sete conversas com Bioy, encontramos um autor que não fala somente da sua época, mas também consegue antecipar muitas facetas do nosso tempo. A despeito das quase três décadas que separam sua morte desta publicação, essas entrevistas com o escritor espantam pela atualidade de suas falas. Numa delas, ele alfineta: “É uma doença desta época. Os escritores não escrevem para os leitores, mas para os críticos; com isso, sem dúvida conseguem críticas interessantes. Conseguem fazer com que os críticos discutam esses livros. Mas vão afastando as pessoas da leitura, porque lhes dão livros que não são para elas. Livros que, em vez de apresentar assuntos que interessam a todos nós – quer dizer, assuntos para a ficção –, estão preocupados com teorias e oficinas literárias” (p. 185). E concluí o raciocínio dizendo que desejava “que os escritores fossem como carpinteiros, que fabricam uma cadeira para que alguém se sente nela”. Conclui: “Se alguns desses tais livros fossem cadeiras, cairíamos no chão. Sem dúvida, quase todo escritor recebe por ano uma infinidade de livros que não consegue ler. Não é que não tenha tempo para lê-los, é que são livros quase ilegíveis, que não consideram a existência do leitor”.

O livro, como o título já antecipa, é dividido em sete partes (conversas), em que as trocas de ideias, confidências e recordações revelam bastidores afetivos e críticos – as opiniões de um dos mais importantes escritores argentinos do século 20. Também revela aspectos do modus operandi do autor, das coisas que o inspiram ao escrever seus contos e romances, seus métodos de escrita e construção literária, as dificuldades inerentes ao ofício de escritor, períodos marcantes de sua vida, casos familiares e relacionamentos sociais e amorosos... Tudo isso se desenrola numa sequência de entrevistas realizadas em 1988. Em conversa aberta, de uma informalidade aterradora, Sorrentino e Bioy perscrutam a vida literária, a vida dos livros, o cânone, a primeira infância, as vaidades e os estratagemas para bem contar, sem esquecer a perspectiva do leitor comum.

A obra é um importante registro para os admiradores da obra de Bioy e, por conseguinte, da literatura argentina. Não só dessa, mas também da literatura universal, uma vez que não faltam ao livro opiniões, críticas e comentários do entrevistado sobre autores de várias nacionalidades e suas respectivas obras.

Ficha Técnica

Título: Sete conversas com Adolfo Bioy Casares
Autor: Fernando Sorrentino
Publicação: 2017
Tamanho: 14x21
Páginas: 220

Sobre os autores

Foto: Reprodução
Entrevistador: Fernando Sorrentino nasceu em Buenos Aires em 8 de novembro de 1942. É professor de Língua e Literatura.

Suas criações  costumam misturar de maneira sutil, e quase sub-reptícia,  realidade e fantasia, de maneira que nem sempre é possível determinar onde termina a primeira e começa a segunda.

Seus  livros mais recentes de contos são: Costumbres del alcaucil (2008), El crimen de san Alberto (2008), El centro de la telaraña (2008), Paraguas, supersticiones y cocodrilos (2013), Problema resuelto / Problem gelöst (edición bilíngue espanhol/alemão, 2014), Los reyes de la fiesta, y otros cuentos con cierto humor (2015). Grande parte de sua obra de ficção foi traduzida para vários idiomas.

Do autor são também dois volumes de entrevistas: Siete conversaciones con Jorge Luis Borges (1974) y Siete conversaciones con Adolfo Bioy Casares (1992). Do primeiro, existe edição brasileira (Sete conversas com Jorge Luis Borges, 2009, Rio de Janeira, Azougue Editorial) com tradução de Ana Flores.

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Foto: Reprodução

Entrevistado: Adolfo Bioy Casares  nasceu em Buenos Aires, em 15 de setembro de 1914. Seu nome como escritor é muito associado à Literatura Fantástica Universal, embora o autor também tenha se enveredado pelos gêneros Ficção Científica e Policial. Começou a escrever muito jovem e logo se juntou ao círculo cultural cosmopolita da Revista Sur, firmando por essa época uma estreita amizade com aquele que teria uma influência decisiva em sua carreira literária: o escritor Jorge Luis Borges, com quem manteve uma relação produtiva e duradoura, resultando em diversas histórias policiais escritas conjuntamente.

Em 1932, Bioy conheceu a escritora Silvina Ocampo e com ela se casou em 1940.

No mesmo ano do seu casamento veio a publicação do livro A Invenção de Morel, sua obra mais famosa e um clássico da literatura contemporânea.

Autor de vasta obra, Adolfo Bioy Casares é considerado não apenas um dos escritores mais importantes de seu país, mas também da literatura hispânica, e seus livros continuam a impactar e cativar leitores e a ganhar reedições e traduções em vários países.

Sua produção literária lhe rendeu muitos prêmios, incluindo o Grande Prêmio de Honra da Sociedade Argentina de Escritores (SADE), em 1975, e o aclamado Prêmio Cervantes, em 1990.

Faleceu em 08 de março de 1999, aos 84 anos.

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